Arquitetura Moderna no Brasil...


No Brasil o campo da arquitetura teve influência de arquitetos estrangeiros, adeptos do movimento. O russo Gregori Warchavchik projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), obra que foi marcada como a primeira casa em estilo Moderno em São Paulo, porém o estilo se tornou conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.

O projeto da casa modernista de Gregori Warchavchik deu origem a uma das mais relevantes polêmicas do movimento moderno, provocado pelo arquiteto Dácio de Morais, que criticou asperamente Warchavchik em artigos do Correio Paulistano
O projeto para a casa teve como objetivo a racionalidade, o conforto, a utilidade, uma boa ventilação e iluminação – ideais preconizados por Le Corbusier. Inspirado nas paisagens brasileiras, criou uma arquitetura que se adaptou à região, ao clima e às tradições do país. Participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anísio Teixeira, Mário de Andrade, Osvaldo da Costa e Mário de Andrade, opinaram sobre o sucesso de Warchavchik, ao conseguir uma essência nacional na casa sem comprometer o objetivo de romper com os elementos tradicionais da Arquitetura.

A casa, hoje pertencente ao Estado de São Paulo, foi tombada em 1980 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado e reconhecida como Patrimônio Histórico pelo IPHAN, tornando-se um parque. O tombamento se deu por intermédio de moradores da região que queriam impedir a implantação de um loteamento residencial, proposto por uma construtora, para o local. Apesar desse ser o primeiro exemplo de casa modernista no Brasil, existem quatro pontos básicos que contradizem ao manifesto modernista:

1.Parecia tratar de uma construção em concreto armado, porém o edifício foi construído quase que inteiramente de tijolos, ocultados por um revestimento branco;

2.As janelas horizontais de canto, sob o ponto de vista técnico, não se justificavam numa construção executada com materiais tradicionais, tendo elas acarretado complicados problemas de construção;

3.A solução , que consistia em dar à ala direita da fachada o mesmo aspecto externo da ala esquerda, quando essa correspondia a varanda e não a um interior com ala oposta contradizia a afirmação feita por demais absolutos no manifesto de 1925: "a beleza ade uma fachada deve resultar da racionalidade da planta da disposição interna, assim como a forma de uma máquina é determinada pelo mecanismo, o que é sua alma;

4.A cobertura do corpo principal não era um terraço, conforme se poderia supor, mas um telhado de telhas coloniais cuidadosamente escondido por uma platibanda.

Os projetos modernistas eram marcados pelo racionalismo e funcionalismo, além de características como formas geométricas definidas, falta de ornamentação – a própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas.

O termo racionalismo tem sido usado na Arquitetura, não como um determinante de sua filiação filosófica, mas como critério de valor, isto é, uma arquitetura tem valor quando é ‘racional’ e, quando não o é, não tem valor. Esta atitude esconde uma impropriedade que se torna cada vez mais embaraçosa nos dias de hoje, quando vemos crescer no âmbito da grande Arquitetura muitas representações não racionalistas  e, não obstante, de grande valor. De certa maneira, o Racionalismo sempre foi a orientação predominante na Arquitetura ocidental mas, a partir do Movimento Moderno – 1920 em diante –, e sobretudo nos escritos teóricos, buscou um lugar absoluto e intolerante. É certo que a maioria dos grandes mestres – Gropius, Le Corbusier, Mies – eram racionalistas militantes e todos os movimentos e escolas de vanguarda – Purismo, Neoplasticismo, Bauhaus, Construtivismo soviético – preferiam as certezas da ‘razão’ à indeterminação da ‘experiência’. Para falar de Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto temos que ser mais cuidadosos com relação à prática racionalista, pois esta era muitas vezes entremeada com processos indutivos que caracterizam a arquitetura orgânica.

As origens do funcionalismo em edifícios podem-se remontar à tríade de Vitrúvio, onde a utilitas (traduzida também como "comodidade", "conforto", ou "utilidade") vem junto com a venustas (beleza) e a firmitas (solidez) como uma das três metas clássicas da arquitetura. Nos anos 1970, o proeminente e influente arquiteto estado-unidense Philip Johnson sustentava que a profissão não tem nenhuma responsabilidade funcional e esta é uma das opiniões que prevalecem hoje em dia. Johnson disse: "Não sei de onde vêm as formas, mas não têm nada que ver com os aspectos funcionais ou sociológicos de nossa arquitetura". A postura do arquiteto pós-moderno Peter Eisenman baseia-se em um teórico usuário hostil e mesmo mais extremo "Não faço a função". Os arquitetos mais conhecidos no Ocidente, como Frank Gehry, Steven Holl, Richard Meier e Ieoh Ming Pei, veem a si mesmos sobretudo como artistas, com certa responsabilidade secundária de fazer seus edifícios funcionais para os clientes e/ou os usuários. A discussão sobre o funcionalismo e a estética, frequentemente, os enquadra como opções mutuamente excludentes, quando, na verdade, há arquitetos, como Will Bruder, James Polshek e Ken Yeang, que procuram satisfazer as três metas de Vitrúvio.

Niemeyer abandona o funcionalismo exagerado dos ideais modernos e utiliza em suas obras formas curvas mais livres, que buscam a beleza, não um resultado final com base somente em sua função. Essas características ficam evidenciadas no Conjunto da Pampulha (1942-1943), em Minas Gerais, nos famosos edifícios de Brasília, o Grande Hotel de Ouro Preto (MG, 1940) e o Parque do Ibirapuera (SP, 1951-1955).

“(…)Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na arquitetura. Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio concreto armado,a sugerem e recomendam.” – Oscar Niemeyer

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